TEMA 1: Conversão

«A vida nova recebida na iniciação cristã não suprimiu a
fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação para o pecado, a
que a tradição chama concupiscência, a qual persiste nos batizados, a fim de
que prestem as suas provas no combate da vida cristã, ajudados pela graça de
Cristo. Este combate é o da conversão, em vista da santidade e da vida eterna»
(Catecismo da Igreja Católica [CIC], 1426). [Para ajudar a compreender melhor,
ler: Mateus 4, 12-17; Catecismo da Igreja Católica, números 1422 a 1439]
«Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu»
— é o primeiro apelo de Jesus Cristo ao iniciar a sua
missão, a chamada «vida pública». A mensagem de Jesus Cristo pede conversão.
Isto significa deixar as seguranças e as rotinas para assumir uma vida nova, ou
melhor, deixar-se surpreender pela novidade que é o próprio Jesus Cristo. Por
isso, é Evangelho, isto é, Boa Nova.
Reconciliação
«Reconciliar é voltar a conciliar, fazer a união do que
estava separado. A mensagem fundamental de Cristo foi a reconciliação com Deus,
a conversão e o perdão. E também foi este o conteúdo básico, desde o princípio,
da evangelização por parte da Igreja» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de
Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho 2007, 252). Este Sacramento de Cura
toma, entre outros, o nome de Sacramento da Reconciliação «porque dá ao pecador
o amor de Deus que reconcilia: ‘Deixai-vos reconciliar com Deus’ (2 Coríntios 5,
20). Aquele que vive do amor misericordioso de Deus está pronto para responder
ao apelo do Senhor: ‘Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão’ (Mateus 5, 24)»
(CIC 1424). Neste sacramento, desde sempre, estão presentes duas dimensões que
nunca se podem separar: a reconciliação com Deus e a reconciliação com a
comunidade cristã.
Conversão
«É chamado sacramento da conversão, porque realiza
sacramentalmente o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa
do Pai da qual o pecador se afastou pelo pecado» (CIC 1423). Este apelo de
Jesus Cristo não se circunscreve a um abandono dos pecados anteriores ou à
confissão desses pecados. O que está em causa é uma mudança de direção, a
situar-se num novo conjunto de valores, a mudar de critérios, a deixar-se
conduzir pelo Evangelho. Este é o núcleo da pregação de Jesus Cristo e há de
ser também o núcleo da pregação dos seus discípulos e da Igreja. «Este convite
à conversão constitui a conclusão vital do anúncio feito pelos Apóstolos depois
do Pentecostes. […] Já não é genericamente o ‘reino’, mas a própria obra de
Jesus, inscrita no plano divino prenunciado pelos profetas. Ao anúncio de
quanto ocorreu com Jesus Cristo, morto, ressuscitado e vivo na glória do Pai,
segue o premente convite à ‘conversão’» (João Paulo II, Audiência Geral de 15
de setembro de 1999). Por isso, a Igreja, ao anunciar a Palavra de Deus, «visa
a conversão cristã, isto é, a adesão plena e sincera a Cristo e ao seu
Evangelho» (João Paulo II, Carta Encíclica sobre a validade permanente do
mandato missionário — «Redemptoris Missio» [RM], 46). Historicamente, «este
apelo dirige-se, em primeiro lugar, àqueles que ainda não conhecem Cristo e o
seu Evangelho. Por isso, o Batismo é o momento principal da primeira e
fundamental conversão. É pela fé na boa-nova e pelo Batismo que se renuncia ao
mal e se adquire a salvação, isto é, a remissão de todos os pecados e o dom da
vida nova. Ora, o apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida
dos cristãos. Esta ‘segunda conversão’ é uma tarefa ininterrupta para toda a
Igreja, que ‘contém pecadores no seu seio’ e que é, ‘ao mesmo tempo, santa e
necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de
penitência e de renovação’. Este esforço de conversão não é somente obra
humana. É o movimento do ‘coração contrito’ atraído e movido pela graça para
responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro» (CIC
1427-1428). Neste sentido, «a consciência das grandes obras que o Senhor
realizou para a nossa salvação dispõe a nossa mente e o nosso coração para uma
atitude de ação de graças a Deus, pelo que Ele nos concedeu, por tudo aquilo
que leva a cabo em benefício do seu Povo e da humanidade inteira. É aqui que
tem início a nossa conversão: ela é a resposta reconhecida ao mistério
maravilhoso do amor de Deus. Quando nos damos conta deste amor que Deus tem por
nós, sentimos a vontade de nos aproximarmos dele: é nisto que consiste a
conversão» (Francisco, Audiência Geral de 5 de março de 2014).
«Não podemos pregar a conversão, se nós mesmos não nos
convertermos todos os dias» (RM 47).