TEMA 2: Perdão

«O perdão dos pecados cometidos depois do Batismo é
concedido por meio dum sacramento próprio, chamado sacramento da Conversão, da
Confissão, da Penitência ou da Reconciliação» (Catecismo da Igreja Católica
[CIC], 1486). [Para ajudar a compreender melhor, ler: Marcos 2, 1-12; Catecismo
da Igreja Católica, números 1440 a 1449]
«Os teus pecados estão perdoados»
— diz Jesus Cristo ao paralítico, provocando o espanto de
todos os presentes. Eis a ação de Deus! «O poder de perdoar é prerrogativa de
Deus (Êxodo 34,6-7; Isaías 1,18) e o perdão dos pecados é o dom messiânico por
excelência (Jeremias 31, 31-34 nota; Ezequiel 36, 25 nota). Reivindicando e
exercendo a função de perdoar, Jesus revela-se como o Messias» (Bíblia Sagrada,
Nota ao texto de Marcos, Difusora Bíblica, 1628). Jesus Cristo é o Filho de
Deus e, por isso, tem «na terra» o poder de perdoar os pecados. Apesar da
controvérsia provocada pelos «doutores da Lei», Jesus Cristo não discute o
perdão de Deus, mas o modo de oferecer o perdão e as suas consequências para a
pessoa que o recebe. Para Jesus Cristo, o perdão não é fruto do cumprimento da
Lei, mas um dom gratuito que Deus concede por amor. Por isso, o perdão precede
a cura. O perdão tem a capacidade de transformar totalmente a pessoa que o
recebe, até mesmo fisicamente: «Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu
à vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus»
(Marcos 2, 12). De facto, «uma das notas características e profundas da Bíblia,
tanto do Antigo como do Novo Testamento, é o perdão do amor, da bondade, da
misericórdia de Deus. A Bíblia toda é ‘costurada’ pelo fio de meada do perdão»
(José Ribólla, «Os Sacramentos trocados em miúdo», Editora Santuário, Aparecida
1990, 212).
Reconciliação
O Sacramento da Penitência e da Reconciliação também «é
chamado sacramento do perdão, porque, pela absolvição sacramental do sacerdote,
Deus concede ao penitente ‘o perdão e a paz’» (CIC 1424). Eis a fórmula de
absolvição: «Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu
Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos
pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te
absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo»
(Ritual Romano da Celebração da Penitência, 46).
Perdão
«O perdão é a expressão máxima do amor, da bondade, da
misericórdia. Como é bom, como a gente se sente bem, no fundo do coração,
quando a gente perdoa e é perdoado. O perdão é a coisa que mais nos aproxima de
Deus. […] Mesmo quando o ser humano rompe com Deus, Deus não reage ao
rompimento trancando a porta por dentro. A porta de Deus fica sempre aberta:
assim é Deus-Pai. Deus jamais rompe. Deus sempre perdoa!» (José Ribólla). A
primeira grande convicção que temos de interiorizar é que o perdão, antes de
mais, é sempre um dom (uma oferta) e não um mérito que se conquista com o
arrependimento. Por isso, o cristão ofendido não pode ficar à espera que quem o
ofendeu lhe peça perdão. O perdão é dado antecipadamente, é ato gratuito e
desinteressado, dado por amor. Se isto se aplica à relação entre os humanos,
muito mais se aplica à relação de Deus connosco. «O perdão não é fruto dos
nossos esforços, mas uma dádiva, um dom do Espírito Santo, que nos enche do
lavacro de misericórdia e de graça que brota incessantemente do Coração aberto
de Cristo Crucificado e Ressuscitado» (Francisco, Audiência Geral de 5 de março
de 2014). É certo que «o divino Salvador e a sua ação salvífica, certamente,
não estão ligados a um sinal sacramental, de maneira a não poderem em qualquer
tempo e circunstância da história da salvação agir fora e acima dos
Sacramentos. Mas na escola da fé aprendemos que o mesmo Salvador quis e dispôs
que os humildes e preciosos Sacramentos da fé sejam ordinariamente os meios
eficazes, pelos quais passa e opera o seu poder redentor. Seria portanto
insensato, além de presunçoso, querer prescindir arbitrariamente dos
instrumentos de graça e de salvação que o Senhor dispôs e, no caso específico,
pretender receber o perdão, pondo de lado o Sacramento, instituído por Cristo
exatamente para o perdão» (João Paulo II, Exortação Apostólica Pós-Sinodal
sobre a reconciliação e a penitência na missão da Igreja hoje — «Reconciliatio
et Paenitentia», 31).
«Deus perdoa-te! […] E isto é bom, é ter a segurança que
Deus nos perdoa sempre, nunca se cansa de perdoar. E não devemos cansar-nos de
ir pedir perdão» (Francisco, Audiência Geral de 20 de novembro de 2013).