TEMA 4: Sinais e símbolos
Os sinais e símbolos (cf. tema 3) ocupam um lugar importante
no contexto da vida humana; o mesmo acontece no contexto litúrgico. Por isso,
dedicamos este tema à explicação dos sinais e símbolos associados ao Sacramento
da Penitência e da Reconciliação. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Lucas
15, 11-32; Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1450 a 1460]
«Pai, pequei contra o Céu e contra ti»
— reconhece o filho mais novo da parábola do pai
misericordioso (própria do evangelho segundo Lucas). «O jovem, arrependido,
tenta acusar os seus pecados. O pai, porém, interrompe-o, pois percebe o
arrependimento e a dor do filho que volta. E não só lhe dá o perdão, mas faz
uma grande festa: Deus sempre faz festa quando o pecador se converte. […] A
história do pai misericordioso continua em nós» (José Bortolini, «Os
Sacramentos na tua vida», São Paulo, Lisboa 1995, 94-95).
Reconciliação
Na designação deste sacramento surge o termo «penitência»:
«é chamado sacramento da Penitência, porque consagra uma caminhada pessoal e
eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação por parte do cristão
pecador» (CIC 1423).
Arrependimento
A celebração é preparada com um «exame de consciência, feito
à luz da Palavra de Deus» (CIC 1454): «Todos os cristãos se devem preparar para
a celebração do Sacramento, antes de mais pela oração. Mas a preparação próxima
é, sem dúvida, a comparação da própria vida com o exemplo e os ensinamentos de
Jesus. É a isto que chamamos o Exame de Consciência» (Secretariado Nacional da
Educação Cristã, «Estou com Jesus. Guia do Catequista», Lisboa 1992, 141). Este
«exame» há de provocar o arrependimento ou contrição. Embora se possa dizer que
«entre os atos do penitente, a contrição ocupa o primeiro lugar» (CIC 1451),
não se pode ignorar que o «primado» está no amor de Deus e no reconhecimento
desse amor na vida de cada pessoa. Face ao reconhecimento do amor de Deus,
«surge o desejo de melhorar; a isto chamamos ‘arrependimento’. A ele chegamos
quando reparamos na contradição entre o amor de Deus e o nosso pecado. Então,
enchemo-nos de dor pelo nosso pecado, propomo-nos a mudar a nossa vida e
depositamos toda a nossa esperança na ajuda de Deus» (Catecismo Jovem da Igreja
Católica [YOUCAT], 229).
Confissão
«Chama-se confissão, sobretudo, à acusação dos pecados
perante o ministro da Igreja, no sacramento da Reconciliação penitencial. É um
dos ‘atos do penitente’ neste sacramento, junto com a dor interior, o propósito
e as obras de conversão. Talvez o ato mais característico, na sensibilidade do
povo cristão, de tal modo que, durante séculos, a este sacramento se lhe chamou
‘confissão, ir confessar-se’» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de
Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 81). Além de estar
relacionada com a acusação dos pecados, a confissão também diz respeito ao
«reconhecimento e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o
ser humano pecador» (CIC 1424).
Penitência
«A penitência é a reparação de uma injustiça cometida. Ela
não deve acontecer apenas na cabeça, mas tem de se exteriorizar em atos de amor
e em compromisso a favor dos outros» (YOUCAT 230). Neste sentido, a
«penitência» (ou «satisfação») «não é só rezar umas orações apressadas, mas
iniciar uma caminhada nova, caminhada de gente convertida e renovada pelo perdão»
(José Bortolini, 92).
Absolvição
«Do latim, ‘absolutio’ (absolver, desatar, perdoar, declarar
livre de culpa ou obrigação). Em vida, Jesus Cristo perdoava, pessoal e
diretamente, aos pecadores. Agora, é a Igreja que perdoa em nome de Cristo […]
A absolvição é a resposta à palavra de humilde acusação do penitente. Ao ‘eu me
acuso’ responde o ‘eu te absolvo’, em nome de Deus. […] A absolvição, com as
suas palavras e os seus gestos, é o momento culminante do sacramento. Nela se
torna visível e audível a aplicação a cada penitente da reconciliação que
Cristo nos obteve na sua entrega pascal da Cruz» (DEL 14-15). Há dois gestos
que, embora não sejam específicos deste sacramento, são, contudo,
significativos: a imposição das mãos (ou, pelo menos, da mão direita) sobre a
cabeça do penitente e o sinal da cruz.
«O momento após a absolvição é como um duche após o treino
desportivo, como o ar fresco após uma tempestade de verão, como o despertar
numa brilhante manhã de verão, como a leveza do mergulhador… Está tudo dito na
palavra ‘reconciliação’ (re = novamente; concilium = concílio, união): a nossa
relação com Deus fica novamente limpa» (YOUCAT 239).