TEMA 6: Comunhão

A presença sacramental de Jesus Cristo no pão e no vinho
consagrados na eucaristia tem uma (única) finalidade: ser refeição, ser
alimento, partilhado em comunidade. [Para ajudar a compreender melhor, ler:
Lucas 24, 13-35; Catecismo da Igreja Católica, números 1384 a 1405]
«Como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão»
— concluiu a narração do encontro de Jesus Cristo com os
discípulos de Emaús. «É à mesa que, em Emaús, ocorre uma surpresa. […] Aquele
que era o forasteiro, agora é o anfitrião. Aquele que estava morto convida a
partilhar a sua vida. A sequência dos gestos de Jesus à mesa atesta que Ele não
só toma o pão como se dá naquele pão, num gesto que reenvia para a dádiva total,
na hora máxima da cruz» (José Tolentino Mendonça, «O tesouro escondido. Para
uma arte da procura interior, ed. Paulinas, Prior Velho 2011, 105).
Eucaristia
A expressão «fração do pão» foi um dos primeiros nomes para
designar a Eucaristia. E durante o primeiro milênio a comunhão foi sempre com
pão partido. «A partir dos séculos XI-XII, pensou-se nas ‘formas’ individuais
que conhecemos. O Missal determina que se volte ao ‘pão partido’ e que se
potencie o gesto simbólico da fração. Explica-o e motiva-o várias vezes, sempre
simbolizando a fraternidade […]. As hóstias pequenas admitem-se só ‘quando
assim o exija o número dos comungantes’. É uma pedagogia simbólica simples e
profunda: parte-se, reparte-se e partilha-se o Corpo Glorioso de Cristo.
Exprime-se visualmente, compartilhando o mesmo Pão, o mistério invisível de um
Cristo que se nos dá a todos em alimento, com o que se quer ajudar a que a
Eucaristia vá construindo a comunidade» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar
de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho 2007, 124-125).
Comunhão
«A Eucaristia constitui o apogeu da obra de salvação de
Deus: com efeito, fazendo-se pão partido para nós, o Senhor Jesus derrama sobre
nós toda a sua misericórdia e todo o seu amor, a ponto de renovar o nosso
coração, a nossa existência e o nosso próprio modo de nos relacionarmos com Ele
e com os irmãos. É por isso que geralmente, quando nos aproximamos deste
Sacramento, dizemos que ‘recebemos a Comunhão’, que ‘fazemos a Comunhão’: isto
significa que no poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística
nos conforma com Cristo de modo singular e profundo, levando-nos a prelibar
[provar] desde já a plena comunhão com o Pai, que caracterizará o banquete
celestial, onde juntamente com todos os Santos teremos a felicidade de
contemplar Deus face a face» (Francisco, Audiência Geral de 5 de fevereiro de
2014). Por isso, a participação na eucaristia «exige» a comunhão. Mas não é
suficiente fazê-lo apenas uma vez por ano? «Para um cristão consciente, de fé
adulta, hoje, comungar só uma vez por ano, talvez somente para cumprir uma lei,
é um absurdo, uma enormidade! Compreendemos que, sendo a Eucaristia uma
refeição, faz parte da refeição, o comer. Imagine você convidado para um
jantar: entra na sala da refeição, reza as orações da mesa, participa da
conversa e… fecha a boca e não come… Pois todas as vezes que participamos numa
Eucaristia, numa missa, deveríamos comungar, como a coisa mais ‘natural’» (José
Ribólla, «Os Sacramentos trocados em miúdo», Editora Santuário, Aparecida 1990,
116). Uma das dificuldades que se coloca para não comungar está relacionada com
o «jejum eucarístico». As normas quanto ao jejum foram variando ao longo da
história. Em tempos próximos (meados do século XX) era preciso estar em jejum
desde a meia noite anterior. Hoje, recomenda-se uma hora de jejum (beber água e
tomar remédios não quebra o jejum). Dito isto, é ainda mais importante perceber
o que é verdadeiramente essencial. «Alguns ficam na dúvida sobre os ‘60
minutos’. Perguntam: e 50 minutos?… Ora, o cristão ainda conserva o bom senso
para lhe dizer que não é a matemática do relógio que funciona aqui, mas, bom
senso mesmo…» (José Ribólla…, 117). Outra questão secundária, mas às vezes
sobrevalorizada é a forma de comungar: na mão ou na boca? A decisão compete ao
comungante: ambas são válidas e aprovadas pela Igreja. [Para aprofundar as
rubricas e outros aspetos relacionados com a celebração da Eucaristia,
recomenda-se a leitura da Instrução Geral do Missal Romano: http://bit.ly/1pp0o7X]
«A celebração pode até ser impecável sob o ponto de vista
exterior, maravilhosa, mas se não nos levar ao encontro com Jesus corre o risco
de não oferecer alimento algum ao nosso coração e à nossa vida» (Francisco,
Audiência Geral de 12 de fevereiro de 2014).