TEMA 2: Profissão de fé

«O candidato à Confirmação, que atingiu a idade da razão,
deve professar a fé […] e estar preparado para assumir o seu papel de discípulo
e testemunha de Cristo» — diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), no número
1319. O sacramento da Confirmação tem entre os seus «efeitos» a proclamação
pública da fé cristã, o compromisso de professar a fé em todos os âmbitos da
vida. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Isaías 61, 1-3; Catecismo da
Igreja Católica, números 1302 a 1305]
«Enviou-me para levar a boa nova»
— relata o livro de Isaías, depois de afirmar a presença do
Espírito. A missão do profeta é anunciar ao povo a alegria da restauração de
Israel e o regresso do exílio. Os destinatários são os que sofrem, os
desesperados, os exilados, os prisioneiros, os tristes, os aflitos. A mensagem
é uma «Boa Nova», um «Evangelho»: o profeta anuncia um ano da graça, um tempo
de alegria e de liberdade. Mais tarde, o próprio Jesus Cristo revê-se neste
texto, de acordo com o relato do evangelho segundo Lucas (4, 14-21). Jesus
Cristo confirma a palavra do profeta tornando atual a sua mensagem: «Cumpriu-se
hoje mesmo esta passagem da Escritura». A afirmação fixa-se no hoje: a
finalidade é que os ouvintes deem conta de que estão a viver um tempo de graça.
O hoje inaugura o tempo da salvação. Neste sentido, também podemos aplicar este
texto aos cristãos confirmados na fé. O confirmado recebe o dom do Espírito
Santo, é ungido, é enviado para viver e testemunhar a fé em Jesus Cristo. «Como
os profetas do Antigo Testamento recebiam a força do Espírito de Deus para
cumprir a missão (cf. Isaías 40 e 61); como Cristo, no Jordão, ao sair da água
batismal, ouviu a voz do Pai e recebeu a força do Espírito para começar a sua
missão; como a comunidade apostólica, nascida da Páscoa de Cristo, ouviu a voz
do Pai e recebeu a força do Espírito para começar a sua missão, assim o
cristão, na Confirmação, vê completada e levada à plenitude a graça batismal
com este novo dom do Espírito para a vivência da sua fé e para a sua missão
dentro da Igreja e do mundo» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de
Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 80).
Confirmação
O nome de «Confirmação» atribuído a este sacramento aparece
no século V. Fausto de Riez, bispo galês, que viveu entre 405 e 490, terá sido
um dos primeiros a utilizar esta terminologia. Durante os primeiros séculos da
Igreja, o Batismo e a Confirmação fazem parte do mesmo «ritual» sacramental da
Iniciação Cristã que ocorria durante a Vigília Pascal. A partir do século IV, o
cristianismo alarga geograficamente os seus horizontes (constituição de
paróquias nos ambientes rurais) e estabelece-se o costume de batizar os
recém-nascidos. «Duas evoluções que impedem o bispo de presidir a todos os
batismos na Vigília Pascal e que levam à nomeação de padres para presidirem aos
destinos das novas comunidades locais» (AA. VV., «Preparar, celebrar e viver a
Confirmação», Difusora Bíblica, Fátima 1997, 22). No Oriente, manteve-se a
prática dos Sacramentos da Iniciação Cristã numa única celebração. «No Ocidente,
porque se desejava reservar ao bispo completar o Batismo, instaurou-se a
separação no tempo, dos dois sacramentos» (CIC 1290).
Profissão de fé
Os cristãos, «pelo sacramento da Confirmação, […] ficam
obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras
testemunhas de Cristo» (Constituição Dogmática sobre a Igreja — «Lumen
Gentium», 11). Esta afirmação do II Concílio do Vaticano resume o essencial do
compromisso cristão que o Catecismo da Igreja Católica apresenta como «efeitos»
da Confirmação. «Ser confirmado significa fazer um acordo com Deus. O
confirmando diz: sim, eu creio em Ti, meu Deus; dá-me o Teu Espírito Santo,
para que eu Te pertença totalmente, nunca me separe de Ti e Te testemunhe com o
corpo e com a alma, durante toda a minha vida, em obras e palavras, em bons e
maus dias! E Deus diz: sim, Eu também creio em ti, Meu filho, e te darei o Meu
Espírito e até a Mim mesmo; pertencer-te-ei totalmente; nunca Me separarei de
ti, nesta e na vida eterna; estarei no teu corpo e na tua alma, nas tuas obras
e nas tuas palavras; mesmo que Me esqueças, estarei sempre aqui, em bons e maus
dias» (Catecismo Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 205).
Na sequência do Ano da Fé proclamado pelo papa Bento XVI
(outubro de 2012 a novembro de 2013), no contexto da chamada «nova
evangelização», a reflexão sobre o sacramento da Confirmação deve
questionar-nos, consciencializar-nos e comprometer-nos com o anúncio e o
testemunho do Evangelho: enviados para levar a boa nova.