TEMA 7: Adoração

«A presença eucarística de Cristo começa no momento da
consagração e dura enquanto as espécies eucarísticas subsistirem» (Catecismo da
Igreja Católica, 1377). A Igreja Católica proclama que Jesus Cristo continua
sempre presente nos dons consagrados. Por isso, é, não só válida como salutar,
a prática da adoração, dentro e fora da celebração eucarística. [Para ajudar a
compreender melhor, ler: Hebreus 9, 11-15; Catecismo da Igreja Católica (CIC),
números 1373 a 1381]
«Prestemos culto ao Deus vivo»
— exorta o autor da Carta aos Hebreus. Esta carta é uma
solene homilia à volta da figura de Jesus Cristo, apresentado como perfeito (e
único) sacerdote. A entrega total e definitiva de Jesus Cristo habilita-nos a
oferecer o «culto ao Deus vivo». Este culto, à semelhança da entrega de Jesus
Cristo, não é meramente exterior, mas reclama uma entrega total da vida.
Eucaristia
«Fala-se igualmente do ‘Santíssimo Sacramento’, porque é o
sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as espécies
eucarísticas guardadas no sacrário» (CIC 1330). A expressão, embora possa ser
usada para designar a Eucaristia, está mais associada ao culto de adoração fora
da celebração eucarística. «Pode-se dizer que, nos primeiros séculos, o culto
da Eucaristia estava como que implícito na própria celebração do sacramento,
que era tratado com suma veneração. […] Este culto desenvolveu-se mais a partir
dos séculos XII-XIII, como reação às controvérsias do século anterior, em que
Berengário chegou a negar a presença real. […] Nas formas de culto, o povo
cristão pôde manifestar a sua fé e a consciência que continuava a ter da
importância da Eucaristia na vida eclesial e pessoal» (José Aldazábal,
«Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho 2007, 90).
Adoração
«Quando a reforma dava os primeiros passos, aconteceu às
vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa
Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por
exemplo, partia da ideia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser
contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de
oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento […]. De
facto, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se
connosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração
eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber
a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d’Aquele que
comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com
Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste.
O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez
na própria celebração litúrgica» (Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal
sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e da missão da Igreja — «Sacramentum
Caritatis», 66). Apesar de não ser uma prioridade do II Concílio do Vaticano,
são vários os documentos da Igreja Católica (assinados por Paulo VI, João Paulo
II e por Bento XVI) que recuperam a importância do culto de adoração ao
Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Sacrário
«É o pequeno recinto, à semelhança de caixa ou armário, onde
se guarda a Eucaristia depois da celebração, para que possa ser levada aos
doentes ou dela possam comungar, fora da Missa, os que não puderam participar
nela. A palavra ‘sacrário’ indica que é o lugar onde se ‘guarda o sagrado’. […]
Nos primeiros séculos, guardava-se a Eucaristia em casas particulares, com todo
o respeito, e, a seguir, ao construírem-se as igrejas, num anexo da sacristia,
ou ainda, num cofrezinho dentro do presbitério. A partir do século XI,
colocava-se este sacrário em cima do altar, ou melhor ainda, dentro de uma
‘pomba’ dependurada sobre o altar. Presentemente, o sacrário não se coloca
sobre o altar […]. A Eucaristia reserva-se num só sacrário, em cada igreja ou oratório,
colocado num lugar nobre e destacado, convenientemente adornado, inamovível, de
matéria sólida e não transparente, fechado com chave, num ambiente que torne
fácil a oração pessoal fora do momento da celebração e, portanto, o melhor
local é numa capela separada» (DEL 267).
«Se atualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo
pela ‘arte da oração’, como não sentir de novo a necessidade de permanecer
longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante
de Cristo presente no Santíssimo Sacramento?» (João Paulo II, Carta Encíclica
sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja — «Ecclesia de Eucharistia»,
25).