«Pela sua própria natureza, a instituição matrimonial e o
amor conjugal estão ordenados à procriação e à educação dos filhos, que
constituem o ponto alto da sua missão e a sua coroa» (Catecismo da Igreja
Católica [CIC], 1652). O matrimônio é o sacramento da geração da vida. [Para
ajudar a compreender melhor, ler: Gênesis 1, 26-31; Catecismo da Igreja
Católica, números 1652 a 1666]
«Crescei e multiplicai-vos»
— é o mandato confiado pelo Criador ao ser humano, segundo o
relato do primeiro capítulo do livro do Gênesis. Estamos no sexto dia da
Criação. Deus decide criar um ser que seja sua «imagem e semelhança»: «Deus
disse: ‘Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança’ […]. Ele os
criou homem e mulher» (versículos 26 e 27). Recordemos que «os primeiros
capítulos do Gênesis são uma meditação sapiencial sobre o ser humano nas suas
três dimensões fundamentais: com Deus, com o mundo, com os seus semelhantes»
(tema 37). Neste contexto, o homem e a mulher, iguais em dignidade, são
chamados à fecundidade, à geração. «Com a criação do homem e da mulher à sua
imagem e semelhança, Deus coroa e leva à perfeição a obra das suas mãos: Ele
chama-os a uma participação especial do seu amor e do seu poder de Criador e de
Pai, mediante uma cooperação livre e responsável deles na transmissão do dom da
vida humana: ‘‘Deus abençoou-os e disse-lhes: ‘crescei e multiplicai-vos,
enchei e dominai a terra’’’. Assim a tarefa fundamental da família é o serviço
à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador,
transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem (João Paulo II,
Exortação Apostólica sobre a função da família cristã no mundo de hoje —
«Familiares Consortio» [FC], 28).
Família
O Matrimônio é o sacramento da família. Esta tem o seu
início na união entre o homem e a mulher e prolonga-se na geração e na educação
dos filhos. «Os filhos são, sem dúvida, o maior dom do matrimônio e contribuem
muito para o bem dos próprios pais» (Constituição Pastoral sobre a Igreja no
mundo atual — «Gaudium et Spes» [GS], 50). Assim atestam os vários documentos
da Igreja sobre o matrimônio e a família: «A fecundidade é o fruto e o sinal do
amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos: ‘O
autêntico culto do amor conjugal e toda a vida familiar que dele nasce, sem pôr
de lado os outros fins do matrimônio, tendem a que os esposos, com fortaleza de
ânimo, estejam dispostos a colaborar com o amor do Criador e Salvador, que por
meio deles aumenta cada dia mais e enriquece a família’» (FC 28). Neste
sentido, «a fecundidade é participação no mistério de Deus como fonte de vida
em si mesmo e fora de si, no mistério do amor trinitário. Outrora, a
fecundidade era uma bênção, mesmo econômica. O sentido profundo é que o amor
entre dois é princípio de vida nova, outra, de novo amor. O filho testemunha a
fecundidade deste amor e exige, para viver e crescer bem, que continue aquele
dom de si que está na sua origem. Um amor voluntariamente estéril não é
verdadeiro amor; é, antes, um egoísmo a dois. E, contudo, a sociedade ocidental
é cada vez mais estéril, tem cada vez mais medo de dar a vida. Neste contexto,
é urgente descobrir o significado autêntico da procriação, e da paternidade e
maternidade responsáveis» (Carlo Maria Martini, «O corpo», Paulinas, Prior
Velho 2003, 68-69). Além disso, «a fecundidade do amor conjugal não se
restringe somente à procriação dos filhos, mesmo que entendida na dimensão especificamente
humana: alarga-se e enriquece-se com todos aqueles frutos da vida moral,
espiritual e sobrenatural que o pai e a mãe são chamados a doar aos filhos e,
através dos filhos, à Igreja e ao mundo» (João Paulo II, Exortação Apostólica
sobre a função da família cristã no mundo de hoje — «Familiares Consortio»,
28). Por outro lado, a Igreja não deixa de lembrar que o matrimônio não foi
instituído apenas tendo em vista a geração dos filhos. «Os esposos a quem Deus
não concedeu a graça de ter filhos podem, no entanto, ter uma vida conjugal
cheia de sentido, humana e cristãmente falando. O seu Matrimônio pode ser foco
duma fecundidade caritativa, de acolhimento e de sacrifício» (CIC 1654).
A família manifesta-se plenamente na união matrimonial do
homem e da mulher: o «eu» e o «tu» abrem-se à comunhão do «nós» que, em si, já
constitui um núcleo familiar. «E por isso, mesmo que faltem os filhos, tantas
vezes ardentemente desejados, o matrimônio conserva o seu valor e
indissolubilidade, como comunidade e comunhão de toda a vida» (GS 50).
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