TEMA 4: Mesa da Palavra


«Prepare-se para os fiéis, com maior abundância, a mesa da Palavra de Deus» — recomenda o II Concílio do Vaticano (Constituição Conciliar sobre a Liturgia — «Sacrosanctum Concilium», 51). Haverá ainda quem pense que basta chegar ao «Credo» para participar na Missa?! Não pode haver eucaristia sem a mesa da Palavra (Liturgia da Palavra). [Para ajudar a compreender melhor, ler: Lucas 11, 27-28); Catecismo da Igreja Católica, números (CIC) 1349]

«Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática»

— afirma Jesus Cristo, no evangelho segundo Lucas. Pela resposta, percebe-se que todos podem acolher e viver esta proposta de «felicidade», cujo fundamento é o próprio Jesus Cristo. Neste sentido, convém recordar que Bíblia é Palavra de Deus, mas não é «a» Palavra de Deus! A Palavra de Deus é Jesus Cristo! «Jesus é a Palavra de Deus Pai descida ao coração de todo o crente».

Eucaristia

«Todos se congregam. Os cristãos reúnem-se num mesmo lugar para a assembleia eucarística» (CIC 1348). Eis outra expressão usada para designar a Eucaristia: «Assembleia eucarística (‘synaxis’), porque a Eucaristia é celebrada em assembleia de fiéis, expressão visível da Igreja» (CIC 1329). Ao mesmo tempo, é também a (primeira) expressão visível da liturgia cristã (cf. temas 1 e 2). «Em grego, esta congregação de fiéis chama-se ‘synaxis’. A palavra assembleia vem do latim, ‘assimulare’, que significa juntar de ‘simul’, ao mesmo tempo. […] Desde a primeira geração, a assembleia litúrgica é uma realidade importante, no conjunto da vida cristã» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 41), porque a assembleia cristã nunca deixou de se reunir para celebrar o domingo, o primeiro dia da semana, dia da Ressurreição (Páscoa), dia da Eucaristia.

Mesa da Palavra

Na Eucaristia, temos duas mesas: «a mesa da Palavra e a mesa eucarística. A primeira prepara-nos para vivermos melhor e com mais fecundidade a segunda. Hoje temos uma riqueza imensa de textos proclamados na mesa da Palavra. É Deus que está presente e nos fala. A Palavra fortalece, alimenta, dá fé, cura. Nas Eucaristias feriais, da semana, temos uma leitura, a proclamação do Salmo e o Evangelho, tudo isto preparado por um ato penitencial e, às vezes, pelo canto do glória. Ao domingo e nas Solenidades temos duas leituras, quase sempre uma do Antigo Testamento e outra do Novo, além da proclamação do Salmo e da leitura do Evangelho. É bonito e consolador cair na conta de que, nos dias de semana, temos dois ciclos de primeira leitura, ou seja, uma para os anos pares, outra para os anos ímpares, conservando-se o Evangelho nos dois ciclos. Mas mais enriquecedora é a maravilha dos três ciclos, chamados ano A, ano B, ano C, em que, nos domingos, somos convidados a escutar e meditar nas três leituras, além do Salmo dito responsorial. Uma variedade imensa de leituras, que colocam diante de nós um precioso alimento. Precisamos de nos habituar a preparar a mesa da Palavra em casa, lendo, em família, as leituras que vão ser proclamadas na Eucaristia, procurando assimilá-las, rezar com elas, fazer partilha em ambiente familiar ou em grupo» (Dário Pedroso, «Mistério da Fé», Editorial AO, Braga 2005, 21-22).

[Para aprofundar o tema, ler a Exortação Apostólica Pós-Sinodal (Bento XVI) sobre a Palavra de deus na vida e na missão da Igreja — «Verbum Domini»]

Ambão

A mesa da Palavra, no espaço litúrgico, designa-se com o termo «ambão». «A palavra latina ‘ambo’ vem do grego, ‘anabaino’ (subir), e designava um lugar elevado, a tribuna, com varanda e atril, próxima da nave, donde se proclamava a Palavra ao povo. […] ‘A dignidade da Palavra de Deus requer que haja na igreja um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual, durante a liturgia da Palavra, convirja espontaneamente a atenção dos fiéis’. […] ‘Um lugar elevado, fixo, dotado de conveniente disposição e nobreza, que corresponda à dignidade da Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, recorde com clareza aos fiéis que, na Missa, se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a mesa do Corpo de Cristo’. O Missal especifica que o ambão está ‘reservado’ à proclamação da Palavra, e desaconselha que, a partir dele, se profiram outras palavras. Para as admonições, ensaios e direção dos cânticos, para os avisos e, se possível, também, para as orações dos fiéis e até para a homilia, seria melhor que se encontrasse outro lugar» (DEL, 26-27).

«Quando estamos a escutar a Palavra de Deus e nos é derramada nos ouvidos a Palavra de Deus que é carne de Cristo e seu sangue, se nos distrairmos com outra coisa, não incorremos em grande perigo?» (S. Jerónimo).

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