A Igreja é «uma comunidade sacerdotal. Os fiéis exercem o
seu sacerdócio batismal através da participação, cada qual segundo a sua
vocação própria, na missão de Cristo, sacerdote, profeta e rei» (Catecismo da
Igreja Católica [CIC], 1546). Mas, ao serviço do «sacerdócio comum dos fiéis»
(batizados), existe o «sacerdócio ministerial», conferido pelo Sacramento da Ordem.
[Para ajudar a compreender melhor, ler: Hebreus 5, 1-10; Catecismo da Igreja
Católica, números 1536 a 1553]
«Tomado de entre os homens é constituído em favor dos
homens, nas coisas respeitantes a Deus»
— afirma o autor da Carta aos Hebreus para referir a missão
do «Sumo Sacerdote». Esta Carta serve-se da tradição judaica para dar a
conhecer a plenitude da novidade do cristianismo: Jesus Cristo é constituído,
de uma vez para sempre, como o único e verdadeiro «sacerdote». No texto, o
sacerdote é descrito com três elementos: a definição geral do sacerdote,
mediador entre os seres humanos e Deus; a relação do sacerdote com os
pecadores; a relação do sacerdote com Deus. Para aprofundar o tema,
aconselha-se a leitura dos capítulos 28 e 29 do livro do Êxodo e todo o livro
do Levítico.
Ordem
«A palavra ‘Ordo’, ‘ordem’, aplicava-se no uso civil romano,
com um sentido colegial, a um grupo social, distinto do resto do povo: a ordem
dos senadores, dos cavaleiros. Muito cedo passou a usar-se em registo cristão
para designar os ministros dentro da comunidade: a ordem dos bispos, dos
presbíteros, dos diáconos. E chamou-se ‘ordenação’ à celebração sacramental, na
qual, com orações e gestos simbólicos, se confere a graça e o poder dos
diversos ministérios, introduzindo uma pessoa na ‘ordem’ correspondente» (José
Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho,
2007, 210).
Sacerdócio
A palavra «sacerdócio» está relacionada com dois termos
latinos que exprimem a capacidade de «dar» o «sagrado» («sacer», em latim).
Ora, «em todas as religiões há pessoas constituídas como mediadoras entre a
divindade – o sagrado, o transcendente – e o povo. Pessoas que trazem ao povo,
da parte da divindade, a palavra ou o oráculo, e que levam à divindade, da
parte do povo, a oração ou o sacrifício. […] Em Israel, considerava-se que o
povo inteiro, face às outras nações, exercia um verdadeiro sacerdócio (cf.
Êxodo 19, 6), mas dentro da própria comunidade, foi-se estruturando, para o
culto e para a palavra, o sacerdócio de determinadas pessoas, sobretudo da
tribo de Levi (os levitas) e os descendentes de Aarão, em particular, quando já
no Templo de Jerusalém se organizou o culto a Javé. […] A grande novidade e
plenitude do Cristianismo foi a convicção de que Jesus Cristo tinha sido
constituído de uma vez por todas como o único e verdadeiro Sacerdote da Nova
Aliança, que ‘não penetrou num santuário feito por mãos de homem, mas no
próprio Céu, para se apresentar agora diante da aceitação de Deus em nosso
favor’, como ‘Sumo Sacerdote dos bens futuros’, oferecendo-se a si mesmo como
sacrifício definitivo por toda a humanidade: cf. Hebreus 3, 1; 4, 14ss; 9; 10…
Cristo é o profeta e mestre que nos vem da parte de Deus e o sacerdote que se
oferece a si mesmo como sacrifício em nome de toda a humanidade» (DEL 263).
Ministerial
A Igreja apresenta dois modos de participar no sacerdócio de
Jesus Cristo: o «sacerdócio comum dos fiéis» e o «sacerdócio ministerial».
Aquele é pertença de todos os batizados. Este é missão dos que, pelo sacramento
da Ordem, «participam do sacerdócio de Cristo de um modo distinto, recebendo o
Espírito que os faz atuar ‘in persona Christi Capitis’ (‘na pessoa de
Cristo-Cabeça’), para serem pastores da comunidade» (DEL 264). É preciso
compreender bem estas afirmações para não cair no erro de colocar em contraposição
os dois modos eclesiais de «sacerdócio». Não há uma Igreja dualista! «O
ministério do sacerdote ordenado só pode ser entendido como uma chamada
ministerial particular para estar ao serviço do sacerdócio de todos os
batizados. […] É o sacerdócio dos batizados que determina a forma do sacerdócio
ministerial, e não o contrário» (Catherine E. Clifford e Richard R.
Gaillardetz, «As ‘chaves’ do Concílio», Paulinas Editora, Prior Velho, 2012,
138-139).
«A identidade sacerdotal só pode ser descoberta fazendo a
pergunta mais básica: Que significa viver o sacerdócio comum dos fiéis? Quais
são as exigências do autêntico discipulado cristão? Só quando tivermos uma
noção das respostas a estas perguntas poderemos analisar de que modo o
sacerdócio ministerial deve ser entendido» (Catherine E. Clifford e Richard R.
Gaillardetz… 134).
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