Os sinais e símbolos (cf. tema 3) ocupam um lugar importante
no contexto da vida humana; o mesmo acontece no contexto litúrgico. Por isso,
dedicamos este tema à explicação dos sinais e símbolos associados ao Sacramento
do Matrimônio. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Cântico dos Cânticos 2,
8-17; Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1638 a 1651]
«O meu amado é para mim e eu para ele»
— declara a «amada» no livro do Cântico dos Cânticos.
Trata-se de um «canto de admiração e de um grande amor entre uma mulher e um
homem, onde o desejo e o corpo fazem parte do jogo de sedução e fruição»
(Bíblia Sagrada, Introdução ao Livro do Cântico dos Cânticos, Difusora Bíblica,
1051). De fato, ao longo de todo o livro se dá a conhecer a grandeza do amor
entre os esposos, um amor que, ao concluir o livro, se apresenta como «forte
como a morte» (capítulo 8, versículo 6).
Aliança (anel)
A aliança ou anel é uma «peça circular, de ouro, prata ou
outro material nobre, que se coloca à maneira de argola num dedo, chamado por
isso anular ou anelar. […] São vários os simbolismos que se podem dar à
imposição do anel: sujeição, pertença, firmeza, fidelidade. Por isso, se
utilizou sobretudo para expressar a atitude dos que contraem matrimônio […]. Ao
longo dos séculos, não foi uniforme a interpretação deste sinal. Por exemplo,
no Ritual anterior ao atual (desde 1614) só se impunha o anel à noiva, não ao
noivo. Poderia entender-se como se, só a ela, se lhe pedisse fidelidade, ou
ainda pior, que ela ‘pertencia’ ao marido. No atual Ritual do Matrimônio, como
no rito hispânico antigo, tanto o noivo como a noiva impõem-se mutuamente o
anel. […] O anel entre os esposos cristãos tem uma referência acrescentada ao
amor nupcial e à aliança entre Cristo e a sua Igreja: não é estranho, portanto,
que o anel nupcial se chame também ‘aliança’» (José Aldazábal, «Dicionário
Elementar de Liturgia», ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 30). Em qualquer das
três orações propostas para a bênção das alianças está expresso o seu sentido:
ser sinal de amor e de fidelidade (cf. Ritual do Matrimônio, 66). Por isso, a
seguir, os esposos dizem um ao outro: «recebe esta aliança como sinal do meu
amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»
(Ritual do Matrimônio, 67). A entrega mútua da aliança é sinal e símbolo do Matrimônio pois no ato da entrega e no objeto entregue são evocados três
aspetos essenciais: unidade; indissolubilidade; fidelidade.
Unidade e
Indissolubilidade
«Pela sua própria natureza, o amor dos esposos exige a unidade
e a indissolubilidade da sua comunidade de pessoas, a qual engloba toda a sua
vida: ‘assim, já não são dois, mas uma só carne’ (Mateus 19, 6). ‘Eles são
chamados a crescer sem cessar na sua comunhão, através da fidelidade quotidiana
à promessa da mútua doação total que o Matrimônio implica’. Esta comunhão
humana é confirmada, purificada e aperfeiçoada pela comunhão em Jesus Cristo,
conferida pelo sacramento do Matrimônio; e aprofunda-se pela vida da fé comum e
pela Eucaristia» (CIC 1644). Assim, a Igreja destaca a unidade e a
indissolubilidade do Matrimônio através de três razões fundamentais: «Primeiro,
porque corresponde à essência do amor entregar-se mutuamente sem reservas.
Depois, porque ele é imagem da incondicional fidelidade de Deus à Sua Criação.
Finalmente, porque ele representa a entrega de Cristo à Sua Igreja» (Catecismo
Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 263).
Fidelidade
«Pela sua própria natureza, o amor conjugal exige dos
esposos uma fidelidade inviolável. Esta é uma consequência da doação de si
mesmos que os esposos fazem um ao outro. O amor quer ser definitivo. Não pode
ser ‘até nova ordem’. ‘Esta união íntima, enquanto doação recíproca de duas
pessoas, tal como o bem dos filhos, exigem a inteira fidelidade dos cônjuges e
reclamam a sua união indissolúvel’» (CIC 1646).
«No sacramento do Matrimônio há um desígnio deveras
maravilhoso! E realiza-se na simplicidade e até na fragilidade da condição
humana. Bem sabemos quantas dificuldades e provas enfrenta a vida de dois
esposos… […] Quando o esposo reza pela esposa, e a esposa ora pelo esposo,
aquela união revigora-se; um reza pelo outro. […] Eu aconselho sempre aos
cônjuges: não deixeis que termine o dia em que discutistes, sem fazer as pazes.
Sempre! […] É suficiente um pequeno gesto, uma carícia… E amanhã tudo recomeça!
Esta é a vida. É preciso levá-la adiante assim, levá-la em frente com a coragem
de querer vivê-la juntos. E isto é grandioso, é bonito!» (Francisco, Audiência
Geral de 2 de abril de 2014).
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