Os sinais e símbolos (cf. tema 3) ocupam um lugar importante
no contexto da vida humana; o mesmo acontece no contexto litúrgico. Por isso,
dedicamos este tema à explicação dos sinais e símbolos associados ao Sacramento
da Unção dos Enfermos. [Para ajudar a compreender melhor, ler: Lucas 10, 30-35;
Catecismo da Igreja Católica (CIC), números 1499 a 1532]
«Vai e faz tu também o mesmo»
— diz Jesus Cristo, no evangelho segundo Lucas, ao concluir
o diálogo com aquele que lhe questionou sobre quem é o «meu próximo», depois de
lhe contar a parábola do bom samaritano. O papa Francisco disse que esta
parábola é «um ícone bíblico que expressa em toda a sua profundidade o mistério
que transparece na Unção dos Enfermos […]. Todas as vezes que celebramos este
Sacramento, o Senhor Jesus, na pessoa do sacerdote, torna-se próximo de quem
sofre e está gravemente doente, ou é idoso. Diz a parábola que o bom samaritano
se ocupa do homem sofredor derramando sobre as suas feridas óleo e vinho. O
óleo faz-nos pensar no que é abençoado pelos bispos todos os anos, na Missa
crismal da Quinta-Feira Santa, precisamente em vista da Unção dos enfermos. O
vinho, ao contrário, é sinal do amor e da graça de Cristo que brota do dom da
sua vida por nós e expressam em toda a sua riqueza na vida sacramental da
Igreja. Por fim, a pessoa sofredora é confiada a um hoteleiro, a fim de que
continue a ocupar-se dela, sem se preocupar com a despesa. Mas, quem é este
hoteleiro? É a Igreja, a comunidade cristã, somos nós, aos quais todos os dias
o Senhor Jesus confia aqueles que estão aflitos, no corpo e no espírito, para
que possamos continuar a derramar sobre eles, sem medida, toda a sua
misericórdia e salvação» (Francisco, Audiência Geral de 26 de fevereiro de
2014).
Unção com o Óleo dos
Enfermos
«Com a unção é significada e conferida a graça do
Ressuscitado, para sublinhar que Cristo faz seu o meu corpo doente: alivia-o do
peso dos sofrimentos, cura-o espiritual e fisicamente, fortalece-o,
conforta-me, envolve os meus pecados em perdão cheio de amor, permite-me
compreender o sentido da dor à luz da sua paixão a que me une. Portanto, neste
sacramento, Jesus continua a fazer o que fazia com os doentes quando estava na
terra e o que recomendou que os seus discípulos fizessem: “Curai os doentes e
dizei-lhes: ‘O reino de Deus já está próximo de vós’” (Lucas 10, 9). Mas a
unção dos doentes não é um gesto mágico; requer a fé como cada um dos outros
sacramentos. Quando o doente se confia ao poder do Senhor poderá superar também
os medos e as tentações próprias de quem sofre, terá serenidade e paz interior,
sentir-se-á encorajado a esperar pela cura e, ao mesmo tempo, a acolher todos
os possíveis desenvolvimentos do mal. O sacramento da unção também prepara para
a morte próxima ou longínqua não como objeto específico, mas porque a morte é
preanunciada pela doença, especialmente quando é grave» (Carlo Maria Martini,
«O corpo», Paulinas, Prior Velho 2003, 73-74).
Os sinais e símbolos associados ao sacramento da Unção dos
Enfermos são comuns a outros sacramentos: imposição das mãos (cf. tema 15);
unção com o óleo (cf. tema 11).
Sentido cristão da
doença
«O ato pelo qual um homem chega a dotar a doença de sentido
cristão e a vivê-la na fé é uma ação do Espírito Santo que se insere num
itinerário, numa caminhada humana de ‘relação’ com a doença, que é acidentado e
contraditório, repleto de incógnitas e de surpresas, de gestos de assunção e de
regressões, de passos atrás, de rejeições, de momentos de paz e de momentos de
rebelião, de desconforto e de vontade de combater. […] O ‘sentido cristão’ da
experiência de doença acontece no encontro entre o Espírito Santo, a humanidade
individual do doente, a sua fé e o ambiente que o rodeia. Por isso, quando se
fala e se escreve sobre a doença e sobre a atitude espiritual diante dela, é
importante sair da linguagem categórica, normativa, impositiva do ‘é preciso’,
‘deve-se’, etc. Não é só um problema de correção de linguagem, mas também de
respeito por aquilo que só pode ser um evento da liberdade do doente, iluminado
pelo Espírito Santo e apoiado pela fé» (Enzo Bianchi e Luciano Manicardi, «Ao
lado do doente. O sentido da doença e o acompanhamento dos doentes», Coleção
«Cuidar e Curar», ed. Paulinas, Prior Velho 2012, 12-13).
«Gostaria que o Espírito dado neste sacramento me ajudasse e
a muitos outros a ler a morte na sua realidade, como o cumprimento definitivo
do Batismo, a consecução e obtenção da vida filial e fraterna» (C. M. Martini,
74).
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