TEMA 2: União à Paixão de Cristo


A Unção dos Enfermos (ou dos Doentes) não é apenas um Sacramento para os doentes e idosos; é também um Sacramento para acompanhar o sofrimento em qualquer etapa da vida. Entre os «efeitos» da Unção dos Enfermos conta-se a união à Paixão de Jesus Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica [CIC], 1521 e 1532). [Para ajudar a compreender melhor, ler: Colossenses 1, 24-28; Catecismo da Igreja Católica, números 1520 a 1532]

«Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo»

— escreve Paulo na Carta aos Colossenses. O termo «carne» traduz a totalidade do ser (cf. Bíblia Sagrada, Nota ao versículo 24 do primeiro capítulo da Carta aos Colossenses, Difusora Bíblica, 1932-1933). Neste texto, que dá início ao chamado «Evangelho de Paulo», o autor, a partir da sua experiência pessoal, traça um retrato do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo. Em primeiro lugar, numa situação concreta de sofrimento, «em vez de se deixar entristecer ou abater pelos seus sofrimentos, põe a sua alegria em Cristo, que vive nele, e dedica-se totalmente à Igreja de Cristo. A união pessoal de Paulo com Cristo é personificada em cada um dos cristãos» (Bíblia Sagrada, Nota ao versículo 24 do primeiro capítulo da Carta aos Colossenses, Difusora Bíblica, 1932). Ao contrário do que possa parecer (através duma leitura rápida e apressada), a frase de Paulo não afirma que a Paixão de Jesus Cristo está incompleta, precisando, portanto, da nossa ação para se completar. Essa era precisamente a falsa doutrina que Paulo quis rebater nesta Carta. A sua intenção é afirmar que não há nada a acrescentar ao Evangelho. Mas, porque somos membros do Corpo de Cristo, podemos associar (unir) os nossos sofrimentos à Paixão de Jesus Cristo. Assim, o cristão torna-se uma reprodução mística de Jesus Cristo.

Unção dos Enfermos

Uma designação válida (e oportuna) para referir este Sacramento é «Santa Unção» (a fórmula sacramental começa assim: «Por esta santa Unção»). Esta terminologia aparece nos textos do Ritual da Unção e Pastoral dos Doentes. Desta forma, exprime-se a maior amplitude do Sacramento. Ao dizer «Unção dos Enfermos» pode-se levar a uma associação exclusiva às situações de doença. Ora, a graça sacramental não se confina às situações de enfermidade. A Santa Unção pode ser celebrada com os idosos ou antes de uma intervenção cirúrgica (cf. Ritual Romano da Unção e Pastoral dos Doentes. Preliminares, 8-15). Por isso, é importante que «na catequese, tanto individual como familiar, instruam-se os fiéis para que eles próprios peçam a Unção e se aproximem em tempo oportuno a recebê-la com plena fé» (Ritual…, 13). Infelizmente, ainda há muitos que «têm medo deste Sacramento e adiam-no para o fim, porque pensam tratar-se de uma espécie de ‘sentença de morte’. O contrário é que está certo: a Unção dos Enfermos é uma espécie de ‘seguro de vida’. Quem, como cristão, acompanha um doente deve libertá-lo deste falso temor. A maior parte das pessoas que estão em risco tem a intuição de que nada mais é importante nesse momento que se apertarem imediata e incondicionalmente Àquele que superou a morte e é a própria Vida: Jesus, o Salvador» (Catecismo Jovem da Igreja Católica [YOUCAT], 245).

União à Paixão de Cristo

A doença e o sofrimento «fazem parte da nossa condição humana […]. Embora Deus permita a existência do sofrimento no mundo, certamente não se alegra com isto. De facto, nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, amava os doentes, dedicou grande parte do seu ministério na terra à cura dos doentes e ao consolo dos aflitos. O nosso Deus é um Deus de compaixão e de consolação. E espera de nós que usemos todos os meios ordinários para impedir, aliviar e eliminar o sofrimento e a doença. […] Contudo, ainda depois de todos estes esforços, o sofrimento e a doença existem. O cristão vê um significado no sofrimento. Suporta este sofrimento com paciência, amor de Deus, e generosidade. […] Quando o sofrimento está unido à Paixão de Cristo e à sua morte redentora, então adquire grande valor para a pessoa, para a Igreja e para a sociedade» (João Paulo II, Discurso durante a visita aos doentes, 13 de fevereiro de 1982).

«A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao humano que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz» (Francisco, Carta Encíclica sobre a fé — «Lumen Fidei», 57).

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