TEMA 1: Coração da vida



«A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de ação de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja» (Catecismo da Igreja Católica [CIC], 1407). [Para ajudar a compreender melhor, ler: João 6, 48-58; Catecismo da Igreja Católica, números 1322 a 1332]

«Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente»

— diz Jesus Cristo, no «discurso» sobre o «Pão da Vida» apresentado no sexto capítulo do evangelho segundo João. As declarações de Jesus Cristo confirmam a necessidade de comer a «carne» e beber o «sangue» para ter a plenitude da vida. A Igreja interpreta esta imagem à luz do sacramento da Eucaristia. E, por isso, apresenta-o como «coração da vida».

Eucaristia

A Eucaristia é um dos termos usados para designar o Sacramento que, juntamente com o Batismo e a Confirmação, completa a Iniciação Cristã (cf. tema 7). «Aqueles que foram elevados à dignidade do sacerdócio real pelo Batismo e configurados mais profundamente com Cristo pela Confirmação, esses, por meio da Eucaristia, participam, com toda a comunidade, no próprio sacrifício do Senhor» (CIC 1322). A palavra «eucaristia» tem origem no «grego, ‘eu’ (bom) e ‘charis’ (graça) = «boa graça» (em sentido descendente); ou ‘ação de graças’ (em sentido ascendente). Quando os Evangelhos descrevem os gestos da Última Ceia, recordam que Jesus ‘tomou o pão e deu graças’ (‘eucharistesas’). Não é de estranhar, portanto, que por volta do ano 100, o nome Eucaristia se acrescentasse às outras denominações usadas pelas primeiras comunidades para designar este sacramento: ‘Fração do Pão’ e ‘Ceia do Senhor’. A seguir, chamar-se-ia ‘Synaxis’ (reunião, ação conjunta), ‘Missa’, etc.» (José Aldazábal, «Dicionário Elementar de Liturgia» [DEL], ed. Paulinas, Prior Velho, 2007, 112).

Coração da vida

O primeiro documento do II Concílio do Vaticano apresenta a Liturgia (cf. tema 1) como «a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do Senhor» (Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia — «Sacrosanctum Concilium», 10). A partir desta afirmação, os vários documentos da Igreja continuam a proclamar este duplo sentido: meta e fonte. A Constituição Dogmática sobre a Igreja («Lumen Gentium»), no número 11, diz: «Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela». O Catecismo da Igreja Católica (número 1327) afirma que «a Eucaristia é o resumo e a súmula da nossa fé». Estas afirmações conduzem-nos para perceber a Eucaristia como o «coração da vida» da Igreja, dos cristãos. Neste sentido, a Eucaristia há de ser também o «coração do domingo» (João Paulo II, Carta Apostólica no termo do Grande Jubileu do Ano 2000 — «Novo Millennium Ineunte», 26): «A participação na Eucaristia seja verdadeiramente, para cada batizado, o coração do domingo: um compromisso irrenunciável, abraçado não só para obedecer a um preceito mas como necessidade para uma vida cristã verdadeiramente consciente e coerente». Entre outras afirmações, o papa João Paulo II disse que «a Igreja vive da Eucaristia» (Carta Encíclica sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja — «Ecclesia de Eucharistia» [EE], 1). E definiu a Eucaristia como «o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história» (EE 9). Também o papa Bento XVI se referiu à Eucaristia como «o tesouro mais precioso da Igreja. A Eucaristia é como o coração pulsante que dá vida a todo o corpo místico da Igreja» (Bento XVI, «Angelus» de 26 de junho de 2011). Por fim, o papa Francisco apresentou-a como «alimento precioso da fé, encontro com Cristo presente de maneira real no seu ato supremo de amor: o dom de Si mesmo que gera vida» (Francisco, Carta Encíclica sobre a fé — «Lumen Fidei», 44).

«A Eucaristia cria a vida da Igreja e a Igreja somos nós; portanto, dá a vida a cada um de nós. Aquilo que cada um vive na escola, no trabalho, com a esposa, com a namorada, pensando nas próprias opções, no íntimo da mente e do coração, ganha sentido, é iluminado pela Eucaristia, Vida em que entra na vida» (Franceso Peyron – Paolo Angheben, «Eucaristia, coração da vida», Edições Salesianas, Porto 2004, 14).